dark carnival.

Nada pode curar o silêncio
Nada vai me dizer que esta atitude era certa ou necessária
Nada mudará os fatos
Nada será?

Eu olho para a água
Tem um reflexo que me incomoda
Mas uma proposta tentadora
Que compartilha das belezas e vicissitudes de uma musa admirada
Que me congela por interiro

Ela estende a mão
Eu receio

Esta trilha me trará a um caminho novo
Que é um desfiladeiro alucinado
E que confunde quem eu sou, com quem eu possa ser e com quem eu quero ser
Ainda que permita um devaneio do contra-mundo que está abaixo do reflexo
Que por um instante me enche o peito
Ainda é um desfiladeiro alucinado

Eu não sei nadar; será que é isso que me perturba?
Ou será o fato de que agora que eu possa domar as águas elas não farão mais parte da minha caixinha preta?
Qual o medo de fato?
Não sei dizer...
E nem quero saber - essa é a verdade triste

Parando para pensar tem um inércia forte sobre os ombros
Eu me mecho - ou sinto que me mecho
Eu realmente atravesso distâncias?
Tudo ainda é confuso

Mas tudo isso são rodeios
Flores para quem se interessa
A verdade é que eu desejo a água no seu lugar
E a terra nos meus pés

Eu não quero isso
E meu medo que põe longe desta discussão de ecossistemas

Eu nunca recebi oferta tão bonita
Meus olhos se encheram de lágrimas quando eu vi a mão estendida
Meu corpo tremeu e meu coração parou por horas
Tudo me envolveu com uma música que não sai da minha cabeça
Mas eu não tinha o direito de te oferecer as asas se não pudesse seguramente arranjar um passeio
Um lampejo de arrependimento tenta me tocar
No entanto ele não consegue porque na verdade eu apreciei por demais

Tudo é turvo
Mas não se engane - minha direção não é
E por isso digo que este caminho se tornou perigoso

.

E com pausa eu tento exprimir
Mas tem coisas que só os verdadeiros artistas conseguem dizer (ou indizer)
Que só os loucos afirmariam
E que os românticos aprovariam
Mas eu só quero expressar
Do mesmo modo que recebi
E que no fundo ainda espero receber

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"No fogo, podemos ver nosso passado e nosso porvir. Pois, como conosco e com nosso tempo, essas chamas vivem apenas através da completa consumação daquilo que as rodeia. De modo que o fogo mesmo está condenado a ser destruído. Exigente, belo e muito fatal,ele o leva à própria morte..."

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